terça-feira, 12 de novembro de 2013

Bases Conceituais: Coerência e Coesão



Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro de Filosofia e Ciências Humanas
Faculdade de Educação
Curso de Pedagogia
Disciplina Didática da Língua Portuguesa – EDD361
Professor Doutor Marcelo Macedo Corrêa e Castro
Bases Conceituais: Coerência e Coesão
                                           
           
                 Proposições
2.1 Elias e Koch (2011) > Coesão referencial e coesão sequencial
2.2   Halliday e Hane > Mecanismos de coesão: referência, substituição, elipse, conjunção, coesão lexical.

3.       
6.       Marcuschi (2008)
Os processos de coesão dão conta da estruturação da sequência [superficial] do texto (seja por recursos conectivos ou referenciais); não são simplesmente princípios sintáticos. Constituem os padrões formais para transmitir conhecimentos e sentidos (p. 99).
Hipótese sociointerativa (competências linguísticas) > Conhecimentos pessoais e enciclopédicos; capacidade de memorização; domínio intuitivo de um aparato inferencial; partilhamento de conhecimentos circunstanciais; partilhamento de normas sociais; domínio de tecnologias de vários tipos (p.101).
7.       Marcuschi (2008)
Para Beaugrande (1980: 19), a coerência subsume os procedimentos pelos quais os elementos do conhecimento são ativados, tais como a conexão conceitual. A coerência representa a análise do esforço para a continuidade da experiência humana. Isso significa que há uma distinção bastante clara entre a coesão como a continuidade baseada na forma e a coerência como continuidade baseada no sentido (p. 119).
Para Charolles (1983), a coerência pode ser vista como “um princípio da interpretação do discurso” e das relações humanas de modo geral. Ela é o resultado de uma série de atos de enunciação que se encadeiam sucessivamente e que formam um conjunto compreensível como um todo (p. 121)
Beuagrande/Dressler (1981): [A coerência] diz respeito ao modo como os componentes do universo textual, ou seja, os conceitos e relações subjacentes ao texto de superfície são mutuamente acessíveis e relevantes entre si, entrando numa configuração veiculadora de sentidos (p. 121).
8.       Elias e Koch (2011)
A noção de coerência não se aplica, isoladamente, ao texto, nem ao autor, nem ao leitor, mas se estabelece na relação entres esses três elementos.
A construção da coerência envolve da parte de quem escreve (e também de quem lê) conhecimentos os mais variados, como, por exemplo, o enciclopédico e o metagenérico.
A coerência depende também de fatores como a focalização e a seleção lexical
A coerência não pressupõe, necessariamente, no plano da materialidade linguística, a ligação entre os enunciados de forma explícita.
A coerência depende também, em parte, do uso da língua socialmente instituído.
A construção da coerência demanda conhecimento em certas culturas e épocas quanto a forma de comportamento.
A coerência pressupõe a manutenção temática, embora, em certos casos, dependendo da intenção do autor ou do gênero textual, a fuga ao tema seja utilizada como estratégia mesma de coerência.
9.       

11.   Referências Bibliográficas
ELIAS, Vanda M. & KOCH, Ingedore V. Ler e escrever: estratégias de produção textual. SP, Contexto, 2011.
MARCUCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. SP, Parábola, 2008.


quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Aula: Leitura (3)



Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro de Filosofia e Ciências Humanas
Faculdade de Educação
Curso de Pedagogia
Disciplina Didática da Língua Portuguesa – EDD361
Professor Doutor Marcelo Macedo Corrêa e Castro
Aula: Leitura (3)
1.       GERALDI (1990)[1]
Ensino da Língua Portuguesa > 1. Prática da leitura de textos – 2. Prática da Produção de textos – 3. Prática da análise linguística
Leitura > a) busca de informações – b) estudo do texto – c) pretexto – d) fruição do texto

2.       LAJOLO (2004)[2]
Ninguém nasce sabendo ler: aprende-se a ler á medida que se vive. Se ler livros geralmente se aprende nos bancos da escola, outras leituras se aprendem por aí, na chama escola da vida (...)
Do mundo da leitura á leitura do mundo, o trajeto se cumpre sempre, refazendo-se, inclusive, por um vice-versa que transforma a leitura em prática circular e infinita. Como fonte de prazer e de sabedoria, a leitura não esgota seu poder de sedução nos estritos círculos da escola (Lajolo, 20054, p.7)

3.       BRITTO (2009)
As campanhas educativas e de promoção de leitura, explicitando um sentimento saudosista de um tempo em que se lia com frequência e desenvoltura, prática que teria sido abandonada em função da comunicação eletrônica, insistem em divulgar o mundo maravilhoso do texto. A leitura, ao invés de ser compreendida como prática social, é imaginada como um ato redentor, capaz de salvar o indivíduo da miséria e da ignorância. O livro, tomado como objeto sagrado, que encerraria saberes  extraordinários  e ensinamentos maravilhosos, ganha contornos de panaceia (Britto, 2009, p. 99).

4.       CHARTIER (2010)
Os textos de leitura passaram por três estágios: de conteúdo religioso, limitado em relação à  quantidade, mas memorizados literalmente, a uma quantidade cada vez maior de conteúdo leigo, para ler e lembrar, mas não literalmente, e, por fim, a textos infantis sem nenhum conteúdo particularmente importante, mas feitos na medida certa para a prática da leitura e o controle das habilidades dos alunos (Chartier, 2010, p. 43).

5.       KRAMER  (2010)
Levar algo da leitura além de seu tempo, do momento em que se realiza – aqui reside a dimensão de experiência que chamo de avesso (...) Leitura que provoca a ação de pensar e sentir criticamente as coisas da vida e da morte, os afetos e suas dificuldades, os medos, sabores e dissabores; que permite conhecer questões relativas ao mundo social e às tantas e tão diversas lutas por justiça (ou o combate à injustiça). Compreender a leitura a partir desse  olhar teórico implica reconhecer a importância da generosidade, da solidariedade e e da coletividade, num contexto que enfatiza o culto do indivíduo, suas necessidades e sua esperteza em passar a perna no outro, levar vantagem, obter lucros pessoais e ganhos de poder (Kramer, 2010, p.115).


Texto de Millôr Fernandes[3]
Na deixa da virada do milênio, anuncia-se um revolucionário conceito de tecnologia de informação, chamado de Local (de Informações Variadas, Reutilizáveis e Ordenadas - L.I.V.R.O.
L.I.V.R.O. representa um avanço fantástico na tecnologia. Não tem fios, circuitos elétricos, pilhas. Não necessita ser conectado a nada nem ligado. É tão fácil de usar que até uma criança pode operá-lo. Basta abrí-lo!
Cada L.I.V.R.O. é formado por uma sequência de páginas numeradas, feitas de papel reciclável e capazes de conter milhares de informações. As páginas são unidas por um sistema chamado lombada, que as mantêm automaticamente em sua sequência correta.
Através do uso intensivo do recurso TPA - Tecnologia do Papel Opaco - permite-se que os fabricantes usem as duas faces da folha de papel. Isso possibilita duplicar a quantidade de dados inseridos e reduzir os seus custos pela metade!
Especialistas dividem-se quanto aos projetos de expansão da inserção de dados em cada unidade. E que, para se fazer L.I.V.R.O.s com mais informações, basta se usar mais páginas. Isso, porém, os torna mais grossos e mais difíceis de serem transportados, atraindo críticas dos adeptos da portabilidade do sistema.
Cada página do L.I.V.R.O. deve ser escaneada opticamente, e as informações transferidas diretamente para a CPU do usuário, em seu cérebro. Lembramos que quanto maior e mais complexa a informação a ser transmitida, maior deverá ser a capacidade de processamento do usuário.
Outra vantagem do sistema é que, quando em uso, um simples movimento de dedo permite o acesso instantâneo à próxima página. O L.I.V.R.O. pode ser rapidamente retomado a qualquer momento, bastando abri-lo. Ele nunca apresenta "ERRO GERAL DE PROTEÇÃO", nem precisa ser reinicializado, embora se torne inutilizável caso caia no mar, por exemplo.
O comando "browse" permite acessar qualquer página instantaneamente e avançar ou retroceder com muita facilidade. A maioria dos modelos à venda já vem com o equipamento "índice" instalado, o qual indica a localização exata de grupos de dados selecionados.
Um acessório opcional, o marca-páginas, permite que você acesse o L.I.V.R.O. exatamente no local em que o deixou na última utilização mesmo que ele esteja fechado. A compatibilidade dos marcadores de página é total, permitindo que funcionem em qualquer modelo ou marca de L.I.V.R.O. sem necessidade de configuração.
Além disso, qualquer L.I.V.R.O. suporta o uso simultâneo de vários marcadores de página, caso seu usuário deseje manter selecionados vários trechos ao mesmo tempo. A capacidade máxima para uso de marcadores coincide com o número de páginas.
Pode-se ainda personalizar o conteúdo do L.I.V.R.O. através de anotações em suas margens. Para isso, deve-se utilizar um periférico de Linguagem Apagável Portátil de Intercomunicação Simplificada - L.A.P.I.S. Portátil, durável e barato, o L.I.V.R.O. vem sendo apontado como o instrumento de entretenimento e cultura do futuro. Milhares de programadores desse sistema já disponibilizaram vários títulos e upgrades utilizando a plataforma L.I.V.R.O.


Referências Bibliográficas
BRITTO, Luiz P. L. Contra o consenso: cultura escrita, educação e participação. Campinas, Mercado das Letras, 2003.
CHARTIER. Anne-Marie. Letramentos na história da educação. IN: DAUSTER, Tania e FERREIRA, Lucelena (Orgs.). Por que ler? Perspectivas culturais do ensino da leitura. Rio de Janeiro, Lamparina, 2010.
GERALDI, João Wanderley. Prática da Leitura de Textos na Escola. IN: GERALDI, João Wanderley (Org.). O Texto na sala de aula: leitura e produção. Cascavel, Assoeste, 1990.
KRAMER, Sonia. Leitura infantil, escrita e formação de professores: aprendendo com Monteiro Lobato. IN: DAUSTER, Tania e FERREIRA, Lucelena (Orgs.). Por que ler? Perspectivas culturais do ensino da leitura. Rio de Janeiro, Lamparina, 2010.
LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo, Ática, 2004.



[1] O texto foi publicado pela primeira vez em 1983.
[2] Foi utilizada a versão que consta da 6ª edição do livro citado nas referências. Não foi possível localizar a data da primeira edição do mesmo, mas sabe-se que ganhou o Prêmio Jabuti em 1994, o que permite afirmar que foi publicado na metade inicial dos anos 1990.
[3] Texto divulgado por redes sociais, com autoria atribuída a Millôr Fernandes. Não foi possível confirmar a informação.