Universidade Federal do Rio de
Janeiro
Centro de Filosofia e Ciências
Humanas
Faculdade de Educação
Curso de Pedagogia
Disciplina Didática da Língua
Portuguesa – EDD361
Professor Doutor Marcelo Macedo
Corrêa e Castro
Aula: Leitura (3)
Ensino da Língua Portuguesa >
1. Prática da leitura de textos – 2. Prática da Produção de textos – 3. Prática
da análise linguística
Leitura > a) busca de informações – b) estudo do texto – c)
pretexto – d) fruição do texto
Ninguém
nasce sabendo ler: aprende-se a ler á medida que se vive. Se ler livros
geralmente se aprende nos bancos da escola, outras leituras se aprendem por aí,
na chama escola da vida (...)
Do mundo
da leitura á leitura do mundo, o trajeto se cumpre sempre, refazendo-se,
inclusive, por um vice-versa que transforma a leitura em prática circular e
infinita. Como fonte de prazer e de sabedoria, a leitura não esgota seu poder
de sedução nos estritos círculos da escola (Lajolo, 20054, p.7)
As campanhas educativas e de promoção de leitura,
explicitando um sentimento saudosista de um tempo em que se lia com frequência
e desenvoltura, prática que teria sido abandonada em função da comunicação
eletrônica, insistem em divulgar o mundo maravilhoso do texto. A leitura, ao
invés de ser compreendida como prática social, é imaginada como um ato
redentor, capaz de salvar o indivíduo da miséria e da ignorância. O livro,
tomado como objeto sagrado, que encerraria saberes extraordinários e ensinamentos maravilhosos, ganha contornos
de panaceia (Britto, 2009, p. 99).
Os textos de leitura passaram por três estágios: de
conteúdo religioso, limitado em relação à
quantidade, mas memorizados literalmente, a uma quantidade cada vez
maior de conteúdo leigo, para ler e lembrar, mas não literalmente, e, por fim,
a textos infantis sem nenhum conteúdo particularmente importante, mas feitos na
medida certa para a prática da leitura e o controle das habilidades dos alunos
(Chartier, 2010, p. 43).
Levar algo da leitura além de seu tempo, do momento
em que se realiza – aqui reside a dimensão de experiência que chamo de avesso
(...) Leitura que provoca a ação de pensar e sentir criticamente as coisas da
vida e da morte, os afetos e suas dificuldades, os medos, sabores e
dissabores; que permite conhecer questões relativas ao mundo social e às tantas
e tão diversas lutas por justiça (ou o combate à injustiça). Compreender a
leitura a partir desse olhar teórico
implica reconhecer a importância da generosidade, da solidariedade e e da
coletividade, num contexto que enfatiza o culto do indivíduo, suas necessidades
e sua esperteza em passar a perna no outro, levar vantagem, obter lucros
pessoais e ganhos de poder (Kramer, 2010, p.115).
Texto de Millôr Fernandes
Na deixa da virada do milênio,
anuncia-se um revolucionário conceito de tecnologia de informação, chamado de
Local (de Informações
Variadas, Reutilizáveis e Ordenadas - L.I.V.R.O.
L.I.V.R.O. representa um avanço
fantástico na tecnologia. Não tem fios, circuitos elétricos, pilhas. Não
necessita ser conectado a nada nem ligado. É tão fácil de usar que até uma
criança pode operá-lo. Basta abrí-lo!
Cada L.I.V.R.O. é formado por uma sequência
de páginas numeradas, feitas de papel reciclável e capazes de conter milhares
de informações. As páginas são unidas por um sistema chamado lombada, que as mantêm
automaticamente em sua sequência correta.
Através do uso intensivo do recurso
TPA - Tecnologia do Papel Opaco - permite-se que os fabricantes usem as duas
faces da folha de papel. Isso possibilita duplicar a quantidade de dados
inseridos e reduzir os seus custos pela metade!
Especialistas dividem-se quanto aos
projetos de expansão da inserção de dados em cada unidade. E que, para se fazer
L.I.V.R.O.s com mais informações, basta se usar mais páginas. Isso, porém, os
torna mais grossos e mais difíceis de serem transportados, atraindo críticas
dos adeptos da portabilidade do sistema.
Cada página do L.I.V.R.O. deve ser
escaneada opticamente, e as informações transferidas diretamente para a CPU do
usuário, em seu cérebro. Lembramos que quanto maior e mais complexa a
informação a ser transmitida, maior deverá ser a capacidade de processamento do
usuário.
Outra vantagem do sistema é que,
quando em uso, um simples movimento de dedo permite o acesso instantâneo à
próxima página. O L.I.V.R.O. pode ser rapidamente retomado a qualquer momento,
bastando abri-lo. Ele nunca apresenta "ERRO GERAL DE PROTEÇÃO", nem precisa
ser reinicializado, embora se torne inutilizável caso caia no mar, por exemplo.
O comando "browse" permite
acessar qualquer página instantaneamente e avançar ou retroceder com muita
facilidade. A maioria dos modelos à venda já vem com o equipamento
"índice" instalado, o qual indica a localização exata de grupos de
dados selecionados.
Um acessório opcional, o
marca-páginas, permite que você acesse o L.I.V.R.O. exatamente no local em que
o deixou na última utilização mesmo que ele esteja fechado. A compatibilidade
dos marcadores de página é total, permitindo que funcionem em qualquer modelo
ou marca de L.I.V.R.O. sem necessidade de configuração.
Além disso, qualquer L.I.V.R.O.
suporta o uso simultâneo de vários marcadores de página, caso seu usuário
deseje manter selecionados vários trechos ao mesmo tempo. A capacidade máxima
para uso de marcadores coincide com o número de páginas.
Pode-se ainda personalizar o conteúdo
do L.I.V.R.O. através de anotações em suas margens. Para isso, deve-se utilizar
um periférico de Linguagem Apagável Portátil de Intercomunicação Simplificada -
L.A.P.I.S. Portátil, durável e barato, o L.I.V.R.O. vem sendo apontado como o
instrumento de entretenimento e cultura do futuro. Milhares de programadores desse sistema já disponibilizaram vários
títulos e upgrades utilizando a plataforma L.I.V.R.O.
Referências Bibliográficas
BRITTO,
Luiz P. L. Contra o consenso: cultura
escrita, educação e participação. Campinas, Mercado das Letras, 2003.
CHARTIER.
Anne-Marie. Letramentos na história da educação. IN: DAUSTER, Tania e FERREIRA,
Lucelena (Orgs.). Por que ler?
Perspectivas culturais do ensino da leitura. Rio de Janeiro, Lamparina,
2010.
GERALDI,
João Wanderley. Prática da Leitura de Textos na Escola. IN: GERALDI, João
Wanderley (Org.). O Texto na sala de
aula: leitura e produção. Cascavel, Assoeste, 1990.
KRAMER,
Sonia. Leitura infantil, escrita e formação de professores: aprendendo com
Monteiro Lobato. IN: DAUSTER, Tania e FERREIRA, Lucelena (Orgs.). Por que ler? Perspectivas culturais do
ensino da leitura. Rio de Janeiro, Lamparina, 2010.
LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo.
São Paulo, Ática, 2004.