segunda-feira, 10 de abril de 2023

Leitura e Prooução de Textos em Educação: Texto do Tema Práticas sociais de leitura e de escrita - 2023-1

 

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Centro de Filosofia e Ciências Humanas

Faculdade de Educação

Curso de Pedagogia

Departamento de Didática

Disciplina: Leitura e Produção de Textos em Educação

Código: EDD 614

Professor Dr. Marcelo Macedo Corrêa e Castro

 

 

Tema: Práticas sociais de leitura e de escrita

 

1.       Práticas sociais de leitura e de escrita

Historicamente, ler e escrever constituem práticas indispensáveis para o desenvolvimento da civilização humana. Para iniciar por um dimensionamento temporal das diversas práticas sociais de leitura e de escrita, penso que vale a pena mencionar alguns marcadores de tempo para o seu desenvolvimento, que serão úteis para situar o macrocenário em que estamos entrando neste momento da disciplina.

Sempre lembrando que datações são estimativas sujeitas a muitas variações, começamos por situar que a espécie humana existe como espécie separada há cerca de dois milhões de anos. O Homo sapiens, sua versão mais desenvolvida, teria cerca de 350 mil anos. A civilização, por seu turno, existiria há 10 mil anos.

A escrita existiria desde aproximadamente 3.500 a. C., tendo percorrido algumas fases: a pictórica, que se valia de desenhos do que se queria representar, os chamados pictogramas;  a ideográfica, que empregava basicamente figuras e imagens associadas a ideias, os ideogramas; a silábica, que se valia de sílabas para representar sons; e a alfabética, com letras. Esta última teria se iniciado por volta de 1.100 a.C., quando os fenícios teriam produzido o primeiro alfabeto, por meio da chamada fissão silábica.

A biblioteca mais antiga do mundo seria a de Alexandria, criada no Egito, no século III a.C.  Já o papel é um artefato datado de 100 d.C. A primeira universidade, de Bolonha, foi fundada em 1214 e a imprensa com tipos móveis só entraria em cena em 1453.

Há no mundo cerca de 6.900 idiomas. Da população mundial, estimada em 7 bilhões e meio de pessoas, cerca de 280 milhões são usuários de Língua Portuguesa, dos quais 210 milhões são brasileiros. Desses últimos, 11,3 milhões são analfabetos.

A que vêm tantos dados? Trata-se de uma forma de mostrar a dimensão e a complexidade da chamada cultura escrita, cujo desenvolvimento se confunde com o próprio processo civilizatório da humanidade. E, ao mesmo tempo, de propor uma visão mais ampliada das práticas de ler e de escrever.

Em nossa sociedade, a escrita tem servido a muitos propósitos e cumprido funções diversas. A escrita serve de registro, de memória, de comprovação. É o caso de certidões, diários, contratos, atestados, por exemplo. Serve também como forma de exposição e transmissão de informações e de ideias, como podemos constatar em reportagens e artigos de opinião. Para não nos estendermos muito, podemos acrescentar que serve igualmente para a expressão de sentimentos e a fabulação, como vemos na poesia e na prosa literária.

A escrita é uma prática que está nos bilhetes que deixamos para quem coabita conosco, na lista de compras que preparamos para não nos esquecermos de nenhum produto na hora em que estivermos no mercado, na receita do prato que pretendemos preparar para a refeição de logo mais, nas mensagens trocadas nas redes sociais em todos os momentos de deslocamento em meios de transporte públicos.

E está igualmente nos registros que fazemos sobre nossos mais íntimos sentimentos e nos tratados que produzimos para defender pontos de vista ou nos detalhados relatos com que apresentamos nossas investigações.

Escrevemos para registrar, comprovar, transmitir, comunicar, expressar. Escrevemos para manter vivo o processo civilizatório.

A mesma diversidade de alcances serve também para tratarmos da leitura. Uma primeira distinção importante sobre a prática de ler consiste em distinguir duas dimensões básicas da leitura: a da compreensão e a da interpretação. De forma bem simples, pode-se dizer que a primeira trabalha mais com o nível da decodificação e dos conhecimentos de mundo compartilhados, o que remete ao plano dos significados pactuados entre os usuários de uma língua. Já a segunda lida com a associação do dito e compreendido com o não dito, remetendo ao nível dos sentidos produzidos por cada indivíduo.

Para evitar uma dispersão improdutiva, destaco quatro tipos de leituras que Geraldi (1990) identifica em nossas práticas sociais, porque estão mais presentes em nossa formação, especialmente na escolar.

A primeira é a leitura como forma de acessar conhecimentos, informações, ideias. A segunda é a leitura como estudo do texto, que será bastante praticada nesta disciplina. A terceira é a leitura como pretexto, na medida em que serve para a realização de outros movimentos. E a quarta é aquela à qual o referido autor chama de leitura para fruição do texto.

Para Lajolo (2004, p.7), “Ninguém nasce sabendo ler: aprende-se a ler à medida que se vive. Se ler livros geralmente se aprende nos bancos da escola, outras leituras se aprendem por aí, na chamada escola da vida”. A autora também destaca uma ampliação importante do conceito de leitura, que coloca o movimento de ler para além da decodificação de textos verbais: “Do mundo da leitura à leitura do mundo, o trajeto se cumpre sempre, refazendo-se, inclusive, por um vice-versa que transforma a leitura em prática circular e infinita (LAJOLO, 2004, p.7).

De acordo com Castro, Amorim e Cerdas (2018, p.259), Soares (2002) entende que “há uma dimensão individual e outra social do letramento, e que este último, por seu turno, poderia ser de caráter liberal ou progressista, por ela denominado de letramento fraco, ou de cunho radical ou revolucionário, que a autora designou como letramento forte”. Ainda segundo os mesmos autores, para Brito (2002), essa diferença de percepções de letramento estaria ligada a “disputas político-ideológicas, uma vez que serviria para demarcar a oposição entre concepções de ensino-aprendizagem: de um lado, as vertentes mais técnicas e pretensamente apolíticas; de outro, as que entendem o processo em sua dimensão socioeconômica e/ou histórico-cultural” (CASTRO, AMORIM e CERDAS, 2018, p.259).

Assim como a escrita, portanto, a leitura constitui uma prática indispensável para se estar no mundo, seja para o nosso funcionamento social, seja para a fruição, seja a formação de consciência, seja ainda para um pouco ou um muito das três funções.

2.       Pressupostos para o trabalho nesta disciplina

Lemos e escrevemos o tempo todo, em muitos suportes e com finalidades diversas. É uma sociedade totalmente ancorada na palavra escrita, da qual depende para existir em suas múltiplas dimensões e movimentos.

Nesta disciplina, assumimos que muitos estudantes brasileiros chegam ao ensino superior com um domínio de leitura e de escrita que costuma não ser suficiente para dar conta de ler e escrever o que lhes pedem os professores nos cursos de graduação.

Além disso, por uma série de condições que têm a ver principalmente com o caráter seletivo, e mesmo elitista, com que historicamente se desenvolveram as universidades brasileiras, os problemas de leitura e de escrita não têm sido sistematicamente enfrentados pelas instituições de ensino superior.

Desde os anos 1990, todavia, tem crescido a quantidade de estudos e de intervenções práticas relacionadas a entender e a enfrentar as dificuldades de leitura e de escrita que os graduandos apresentam. Creio que esse esforço tem a ver especialmente com a democratização dos cursos superiores e a tomada de consciência do seu papel formador por parte dos seus professores.

Muitos caminhos podem ajudar no enfrentamento dessas dificuldades com a leitura e a produção de textos estranhos ao universo com o qual os estudantes estavam habituados na Educação Básica. Em nossa disciplina, vamos assumir que, independentemente do grau de dificuldade encontrado por cada estudante, será preciso reconstruir as relações até então existentes com os atos de ler e de escrever. Para tanto, passo a apresentar algumas questões que têm a ver com essa necessária reconstrução.

2.1   Processos de aprendizagens incluem ações de reposicionamento diante de teorias e práticas

Adoto como princípio para as ações de ensino que um processo de aprendizagem inclui sempre, em maior ou menor grau, movimentos que nos levem a um novo posicionamento teórico e/ou prático diante do objeto de estudo. Embora, no senso comum, esteja propagada a convicção de que aprender significa acrescentar conhecimentos aos que já se possui, entendo que, de fato, o que acontece é uma reorganização ou reconfiguração dos nossos conhecimentos sobre algo. Mais do que isso: é um reposicionamento que fazemos em nossa relação com aquele objeto.

O resultado desse movimento se faz notar sob a forma de uma relação melhor, mais produtiva, mais satisfatória com o objeto de aprendizagem, mas o processo que leva até esse resultado muitas vezes exige que abandonemos nossas zonas de conforto, o que nem sempre se faz com facilidade.

A proposta que faço nesta disciplina aposta na capacidade e na disposição dos estudantes para a realização desse movimento de reorganização. Será preciso estar disposto a encarar a leitura e a escrita a partir de novos olhares, alimentados por novas concepções. Se você pretende melhorar suas práticas, provavelmente precisará reconstruir algumas, com as quais está habituado, e considerar, em suas escolhas, aspectos que até então não estavam presentes em suas tomadas de decisão.

2.2   Ler e escrever têm especificidades

A escrita se desenvolve junto com a leitura, mas cada uma tem seu percurso e suas especificidades. Este é um pressuposto que se adota no desenvolvimento da disciplina Leitura e Produção de Textos em Educação.

Não se pode pensar em produtores de textos que não sejam leitores. Isso, no entanto, não significa que um grau de domínio da leitura leve necessariamente ao mesmo grau de proficiência na escrita.

Este pressuposto serve para que você busque se reposicionar diante da cultura escrita com uma compreensão que lhe permita desenvolver estratégias próprias para a leitura e a escrita. Nem sempre o que funciona para uma dá certo com a outra.

2.3   Ler e escrever são processos

Há uma perspectiva bastante difundida em nossa sociedade, que costumamos absorver na Educação Básica, de que a leitura e a escrita se produzem de uma forma automática, em uma espécie de sucessão de ações cognitivas dispostas de forma linear: Leio > Compreendo; Penso > Escrevo.

Na verdade, tanto para ler quanto para escrever há muito mais em jogo. Não se trata de acionar mecanismos lógicos e conhecimentos de mundo a partir de palavras e para chegar a elas. Trata-se de algo mais complexo, que inclui etapas e movimentos diversos, muitos dos quais precisam ser refeitos várias vezes, a fim de que se alcance a leitura e a produção textual pretendida.

Esse deslocamento em relação ao senso comum ajuda a entender que leitura e escrita se constituem como processos com complexidades próprias. Quando alguém manifesta desconforto com a qualidade da sua leitura e da sua escrita, a primeira hipótese a considerar é: Até que ponto essa pessoa está lidando com o desafio de ler e de escrever a partir de uma compreensão das suas complexidades? Será que o desconforto não se origina de uma compreensão reduzida, que faz a pessoa pensar que as dificuldades são dela, e não inerentes aos processos?

Propõe-se, então, que se adote como pressuposto que ler e escrever não são tarefas simples, que podem ser feitas a qualquer momento, em quaisquer circunstâncias, com resultados satisfatórios.

Outros pressupostos poderiam ser adotados, mas considerei suficiente apontar esses três, para o início de um trabalho que promoverá movimentos de mudança de atitudes e de práticas. Em síntese, proponho que trabalhemos com esses princípios teórico-práticos:  (1) aprendizagens dependem de mudanças de posicionamento; (2) as práticas de leitura e de escrita se desenvolvem com percursos que podem e devem estar articulados, mas que têm autonomia; (3) ler e escrever são processos que demandam movimentos e intervenções conscientes da nossa parte, não se lê nem se escreve de forma automática.

Caba uma última, mas não menos importante, base para as nossas ações. Trabalhamos com a convicção de que as pessoas que chegaram ao curso superior sabem ler e escrever. O desafio que esta disciplina propõe tem a ver com o desenvolvimento dessas capacidades e do seu uso dentro do domínio discursivo da academia. Não se trata, pois, de zerar percurso nem de reparar defeitos, mas sim de seguir aperfeiçoando habilidades. Neste sentido, o maior desafio para se alcançar o domínio das práticas de leitura e de escrita próprias do mundo acadêmico consiste em tornar-se um efetivo participante da comunidade discursiva em que essas práticas ocorrem.

 

 

 

 

Referências

BRITTO, L. P. L. À sombra do caos: ensino de língua x tradição gramatical. Campinas:

Mercado das Letras, 2002.

CASTRO, M.M.C. e.; AMORIM, R.M.A.; CERDAS, L. O Conceito de letramento e as práticas de alfabetização. IN: Revista Contemporânea de Educação. v. 13, n. 27, maio/ago. 2018. http://dx.doi.org/10.20500/rce.v13i27.16691

GERALDI, João Wanderley. Prática da Leitura de Textos na Escola. IN: GERALDI, João Wanderley (Org.). O Texto na sala de aula: leitura e produção. Cascavel: Assoeste, 1990.

LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 2004.

SOARES, M. B. Língua escrita, sociedade e cultura: Relações, dimensões e perspectivas. IN: Revista Brasileira de Educação. Set/Out/Nov/Dez 1995 N º 0. http://anped.tempsite.ws/novo_portal/rbe/rbedigital/RBDE0/RBDE0_03_MAGDA_BECKER_SOARES.pdf

SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. 3.ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.

 

Leitura e Produção de Textos em Educação: Atividade 1 - Memorial de Entrada - 2023-1

 

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Centro de Filosofia e Ciências Humanas

Faculdade de Educação

Curso de Pedagogia

Departamento de Didática

Disciplina: Leitura e Produção de Textos em Educação

Código: EDD 614

Professor Dr. Marcelo Macedo Corrêa e Castro

 

 

Atividade 1: Memorial de entrada

 

                Nos últimos trinta anos aproximadamente, os estudos e as ações voltadas para a formação de professores têm dedicado bastante atenção à escrita de caráter autobiográfico como uma prática produtiva para o desenvolvimento profissional de docentes. Ao narrar suas experiências, os professores se aproximam de uma tomada de consciência sobre suas trajetórias, o que favorece tanto o exercício de reflexões sobre escolhas feitas e quanto a busca de aperfeiçoamento de práticas.

                Como defende Cunha (1997, p.190),

A perspectiva de trabalhar com as narrativas tem o propósito de fazer a pessoa tornar-se visível para ela mesma. O sistema social conscientemente envolve as pessoas numa espiral de ação sem reflexão. Fazemos as coisas porque todos fazem, porque nos disseram que assim é que se age, porque a mídia estimula e os padrões sociais aplaudem. Acabamos agindo sobre o ponto de vista do outro, abrindo mão da nossa própria identidade, da nossa liberdade de ver e agir sobre o mundo, da nossa capacidade de entender e significar por nós mesmos. Para o educador esta perspectiva é fatal, porque não só ele se torna vítima destes tentáculos, como não consegue estimular seus discípulos a que se definam a si mesmos como indivíduos.

Com base em compreensões dessa ordem, passou-se a estimular os professores em formação, inicial ou continuada, a produzirem narrativas sobre suas vidas como um todo, com destaque para suas trajetórias profissionais. Um gênero textual ganhou destaque nessas produções: o Memorial.

Bastante presente no mundo acadêmico, o Memorial consiste em uma narrativa comentada de um dado percurso histórico. Em concursos para ingresso nas instituições de ensino superior, os professores produzem memoriais sobre suas carreiras, nos quais comentam uma trajetória que está contada apenas por meio de informações em seus currículos profissionais. É uma forma de relacionar feitos e fatos com motivos e consequências.

Para Severino (2007, p.241),

Um memorial constitui, pois, uma autobiografia, configurando-se como uma narrativa simultaneamente histórica e reflexiva. Deve então ser composto sob a forma de um relato histórico, analítico e crítico, que dê conta dos fatos e acontecimentos que constituíram a trajetória acadêmico-profissional do seu autor, de tal modo que o leitor possa ter uma informação completa e precisa do itinerário percorrido. Deve dar conta também de uma avaliação de cada etapa, expressando o que cada momento significou, as contribuições ou perdas que representou.

Para um trabalho de formação, o chamado Memorial de Entrada tem sido usado com sucesso no que se refere não só a produzir alguma espécie de avaliação diagnóstica dos sujeitos em formação, como também para estabelecer, desde o início, um protagonismo dos formandos em seus processos de aprendizagem. Ao narrarem suas histórias, por um lado, os formandos dizem como se apropriaram de suas experiências e, por outro, assumem um lugar de fala próprio para a atividade dialógica de formação. Como afirma Cavaco (2002, p.48): “O que as pessoas dizem na sua narrativa está também dependente dos contextos, expressam o que pensam, o que acham que os outros pensam de si, falam do que são e do que gostariam de ter sido e interligando todas estas vertentes constróem uma narrativa coerente, que diz respeito ao significado que atribuem à sua vida”.

Vamos, portanto, lançar mão das possibilidades que nos oferece a escrita do Memorial de Entrada. Para participar melhor da atividade, fiz o meu, que não está aí para servir de modelo. Como, todavia, uma marca identitária da escrita acadêmica consiste no monitoramento da sua forma, embora a escrita do Memorial envolva um grau de liberdade de escolha e de estilo, vamos tentar demarcar alguns limites para o produto final dessa elaboração.

Seus memoriais devem tratar das suas relações com a leitura e a escrita como um todo, com referência específica ao ambiente escolar. Além disso, peço que escrevam sobre as práticas de ler e de escrever na graduação. Em termos de forma, proponho que escrevam textos com até mil palavras, adotandos os seguintes parâmetros: letra Times New Roman 12; margens direita, inferior e superior = 2,5cm; margem esquerda = 3cm; parágrafo justificado, com afastamento de 1,25cm na primeira linha e espaço de 1,5 entre as linhas. Não se esqueçam de colocar o cabeçalho, que pode ser o mesmo que usei neste texto, acrescido do seu nome e da data da realização da tarefa.

 

Referências

 

CAVACO, C. Aprender fora da escola: percursos de formação experiencial. Lisboa: Educa, 2002.

 

CUNHA, M. I. da. CONTA-M E AGORA! as narrativas como alternativas pedagógicas na pesquisa e no ensino Revista da Faculdade de Educação, São Paulo: USP, v.23, n.1/2, p.185-195, jan./dez. 1997. LINK para o texto de CUNHA:  https://doi.org/10.1590/S0102-25551997000100010

 

SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 23ª ed. São Paulo: Cortez, 2007.

 

 

 

Leitura e Produção de Textos em Educação: Programa da disciplina para 2023-1

 

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Centro de Filosofia e Ciências Humanas

Faculdade de Educação

Curso de Pedagogia

Departamento de Didática

Disciplina: Leitura e Produção de Textos em Educação

Código: EDD 614 (3 créditos – 45 horas semestrais)

Professor Dr. Marcelo Macedo Corrêa e Castro

Primeiro Período de 2023 – de 4 de abril a 11 de julho

 

Programa

 

Ementa: Leitura e escrita como práticas sociais. Contextualização e caracterização geral da produção textual acadêmica. Gêneros textuais acadêmicos predominantes na área de educação. Gêneros de leitura e de escrita solicitados aos estudantes nos cursos de graduação. Condições, estratégias e processos de leitura e de produção textual de gêneros acadêmicos.

 

Objetivos: Com as atividades desenvolvidas nas aulas da disciplina, pretende-se que os estudantes:

(1)     aumentem seus conhecimentos acerca das práticas sociais de leitura e de escrita;

(2)     reconheçam as principais características da produção textual acadêmica;

(3)     reconheçam as principais características dos gêneros acadêmicos de maior circulação na área de educação;

(4)     desenvolvam estratégias de leitura e de produção dos gêneros acadêmicos solicitados em seus percursos de formação.

 

Conteúdos:

1.       Práticas sociais de leitura e de escrita

a.       Sentidos da escrita

b.       Relações entre leitura e escrita

2.       Produção textual acadêmica

a.       Gêneros acadêmicos: leitura

b.       Gêneros acadêmicos: produção escrita

3.       Textos acadêmicos da área de educação

a.       Gêneros mais frequentes: leitura

b.       Gêneros mais frequentes: escrita

4.       Ler e escrever

a.       Condições de produção da leitura e da escrita

b.       Estratégias e processos de leitura

c.        Estratégias e processos de escrita

 

Pressupostos

 

1.       Leitura e escrita serão tratadas como processos que se entrecruzam, mas também possuem características próprias.

2.       O domínio da escrita não será considerado uma decorrência lógica e inevitável do domínio da leitura.

3.       O foco das discussões e das atividades serão os textos acadêmicos que circulam na área de educação.

 

 

 

Metodologia: A disciplina será desenvolvida com base em dois focos: as relações dos estudantes com a leitura e a escrita, considerando-se não só as suas experiências no âmbito acadêmico, como também as demandas específicas de leitura e produção textual oriundas do processo de formação no ensino superior. Pretende-se também que os estudantes desenvolvam suas capacidades de leitura e escrita a partir de um movimento de inserção teórico-prática em processos de investigação. Para tanto, além das práticas de leitura e de produção textual solicitadas a todos, será proposto a cada estudante que desenvolva um projeto individual de escrita, de forma a defrontar-se com as situações reais da leitura e da escrita acadêmica sob a perspectiva do investigador.

 

Avaliação: Para a avaliação será considerado o cumprimento do disposto na legislação acerca da frequência, bem como a realização dos trabalhos específicos que venham a ser solicitados.

 

1.       Projeto Individual - Ao longo da disciplina, cada estudante deverá realizar um projeto individual de produção textual. Essa atividade deverá demandar a realização de etapas típicas da produção acadêmica. Pode ser a produção de um anteprojeto de monografia, de um capítulo do trabalho de conclusão de curso, de um ensaio ou artigo de opinião sobre tema em estágio inicial de investigação ou até mesmo de um artigo relacionado a processo de investigação com alguma etapa concluída.

 

2.       Portfólio - Além dessa produção individual, haverá atividades de leitura e escrita a cada aula. Com o conjunto dessas atividades, cada estudante deverá compor um portfólio, no qual poderá incluir produções não solicitadas pelo professor. O Memorial de Entrada e o Memorial de Saída deverão obrigatoriamente integrar o portfólio.

 

3.       Autoavaliação - Ao final da disciplina, cada estudante atribuirá uma nota ao seu desempenho na disciplina.

 

4.       Avaliação do professor - Ao final da disciplina, o professor atribuirá uma nota ao seu desempenho de cada estudante na disciplina.

 

Bibliografia

 

COSTA, Deborah & SALCES, Claudia D. de. Leitura e produção de textos na universidade. Campinas:São Paulo, Editora Alínea, 2013.

DIONÍSIO, Maria de Lourdes e FISCHER, Adriana. Perspectivas sobre Letramento(S) no Ensino Superior: Objetos de Estudo em Pesquisas Acadêmicas. ATOS DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO - PPGE/ME FURB ISSN 1809-0354 v. 6, n. 1, p. 79-93, jan./abr. 2011.

FIAD, Rachel. A Escrita na Universidade. Revista da ABRALIN, v. Eletrônico, n. Especial, p. 357-369. 2ª parte 2011. Disponível em: <www.abralin.org/revista/RVE2/14v.pdf>. Acesso em: 25 de julho de 2015.

KROKOSCZ, Marcelo.  Abordagem do plágio nas três melhores universidades de cada um dos cinco continentes e do Brasil.  Revista Brasileira de Educação v. 16 n. 48 set.-dez. 2011. P. 745-768.

MARINHO, Marildes. A escrita nas práticas de letramento Acadêmico. Revista Brasileira de Linguística Aplicada. Belo Horizonte, v. 10, n. 2, p. 363-386, 2010.

MOTTA-ROTH, Désirée. E HENDGES, Graciela Rabuske. Produção textual na universidade. São Paulo: Parábola Editorial, 2010.

 

STREET, Brian. Academic Literacies approaches to  Genre?*Abordagens de gênero para letramentos acadêmicos? Brian King’s College London   Revista Brasileira de Linguística Aplicada, Belo Horizonte, v. 10, n. 2, p. 347-361, 2010.

 

SEVERINO, Antonio José. Metodologia do trabalho científico. 23a ed. São Paulo: Cortez, 2007.

 

VAL, Maria das Graças Costa. Redação e textualidade. 3ª ed. SP: Martins Fontes, 2006.