terça-feira, 4 de agosto de 2020

PLE - Tema 1 - Primeira Parte - Apresentação da Disciplina

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Centro de Filosofia e Ciências Humanas

Faculdade de Educação

Curso de Pedagogia

Departamento de Didática

Disciplina: Leitura e Produção de Textos em Educação

Código: EDD 614

Professor Dr. Marcelo Macedo Corrêa e Castro

Período Letivo Excepcional – 24 de agosto a 16 de novembro de 2020

 

 

Texto do Tema 1 – Primeira Parte: Apresentação da Disciplina

 

Prezadas/os Estudantes,

Sejam bem-vindos à turma de Leitura e Produção de Textos em Educação, EDD614, oferecida pela primeira na modalidade de ensino remoto. Começo este nosso primeiro encontro com o convite para que enfrentemos juntos - com cuidado, inteligência e criatividade - os muitos desafios da primeira experiência de desenvolver de forma remota esta disciplina.

Neste tema, como mostra o quadro acima, farei inicialmente uma apresentação da disciplina. A seguir, tratarei do nosso primeiro gênero textual: o Memorial de Entrada. Por fim, farei a indicação das atividades relacionadas com o tema de hoje.

 

1.       Apresentação Geral da disciplina

Leitura e Produção de Textos em Educação integra o quadro de disciplinas optativas do Curso de Pedagogia da UFRJ. Desenvolvida por diversos professores, ela tem servido de espaço para aprendizagem das práticas de ler e de escrever predominantes no nosso curso de graduação, com destaque para a leitura e a produção dos gêneros mais especificamente acadêmicos, como o Resumo, o Artigo e o Anteprojeto de Trabalho de Conclusão de Curso, por exemplo.

A disciplina, como determinam as normas da UFRJ, possui um programa que pode ser acessado aqui (ver link ao final). Para o nosso período, todavia, foi necessário fazer uma adaptação que permitisse desenvolvê-lo dentro dos limites impostos pelo distanciamento social imprescindível em tempos de pandemia de COVID-19.

Optei por um percurso que se estrutura em atividades, mais do que em aulas. Haverá textos e videoaulas curtas, com os conteúdos tratados na disciplina, mas o grande diferencial estará na realização de atividades de leitura e de escrita a cada tema.

Outra opção importante foi pela adoção de um projeto individual de produção textual por parte de cada estudante, que deverá ser desenvolvido ao longo dos meses de agosto e setembro, para conclusão em outubro. Essa escolha deriva do reconhecimento de que os estudantes se encontram em momentos diferentes de suas trajetórias, o que certamente afeta suas relações e suas expectativas no que se refere a ler e a escrever.

Faço a seguir uma descrição mais detalhada de como preparei a versão remota da disciplina Leitura e Produção de Textos em Educação, que já existia na plataforma AVA – UFRJ para apoio de aulas presenciais

Depois de considerar as limitações de acesso a dispositivos, plataformas e aplicativos, bem como o necessário cuidado para não investir em uma quantidade de novidades com as quais provavelmente teríamos dificuldades de lidar, optei por estruturar a disciplina com o uso de ferramentas e concepções básicas. Nada impede que, ao longo do trabalho, façamos mudanças, desde que haja acordo quanto aos nossos interesses e possibilidades de lidar com elas. A disciplina está estruturada da seguinte forma:

1.       Selecionei 10 temas para trabalharmos nas 12 semanas disponíveis no PLE. Com Isso, temos uma margem de manobra para o caso de precisarmos de mais de uma semana para algum tema e/ou no de optarmos pela inclusão de um tema que não integra a relação preparada por mim.

2.       São, portanto, 10 tópicos básicos, com uma estrutura que prevê a apresentação dos temas, por meio de textos e de videoaulas gravadas, e a realização de uma atividade de leitura e outra de escrita.

3.       No início do tópico referente a cada tema, haverá um esquema com indicação dos elementos básicos tratados, do roteiro sugerido para os estudantes e dos recursos adicionados ao tópico.

4.       A estruturação básica de cada tema prevê: 1. Um texto de cerca de duas páginas e uma videoaula de aproximadamente 15 minutos sobre o tema; 2. A indicação de um texto para leitura; 3. A indicação de uma atividade de escrita.

5.       Os estudantes deverão acessar as aulas preferencialmente nas datas determinadas e realizar as tarefas propostas na sequência sugerida de temas.

6.       No horário da disciplina, o professor estará em uma sala de videoconferência, para debater com os estudantes sobre dúvidas e questões específicas. O link para entrar na sala será enviado para todos.

7.       Cada estudante desenvolverá um Projeto Individual (PI) de escrita. Pode ser um Anteprojeto de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), um capítulo do seu TCC, um Artigo de alguma pesquisa de que participe ou um Ensaio sobre tema que o estudante escolher.

8.       O conjunto dessas produções constituirá o Portfólio do estudante. No final da disciplina, cada estudante deverá ter em seu Portfólio: Memorial de Entrada, o PI concluído, o Memorial de Saída e pelo menos três outras atividades de escrita das indicadas nos temas. Fica a critério de cada um incluir outros elementos que julgar pertinentes no Portfólio.

9.       O espaço para a troca de mensagens, envio de trabalhos e de avaliações do professor será a plataforma AVA – UFRJ. Poderá ser usado, por parte do professor, o recurso de envio de mensagens à turma, disponível no SIGA.

Feita essa apresentação geral, passo a descrever com mais detalhes as atividades propostas.

2.       Atividades relacionadas aos temas

Como destaquei na apresentação geral, o fio condutor do trabalho estará centrado mais na realização de atividades por parte dos estudantes do que em aulas convencionais. Isso permite uma flexibilização para que cada um se organize como melhor lhe convier em termos de tempo e espaço, mas também vai exigir que essa organização seja eficaz para que as aprendizagens pretendidas aconteçam de maneira satisfatória.

Nesse sentido, configurei a disciplina para que o estudante investisse na realização das atividades de cada aula o tempo equivalente ao da carga horária semanal definido para encontros presenciais: três horas-aula. Sugiro que cada um se organize para trabalhar com esses parâmetros semanais, evitando acumular a realização e o envio de tarefas.

Tal organização tem implicações importantes para o diálogo entre professor e estudantes, na medida em que a melhor dinâmica é sempre aquela que permite ao professor e aos estudantes que a análise das produções e as devolutivas por parte do professor ocorram em um ritmo constante.

As atividades realizadas deverão ser postadas em arquivo eletrônico na AVA – UFRJ. Para a sua realização, os estudantes deverão seguir as instruções apresentadas no arquivo Modelo de Atividade.

3.       Avaliação

A avaliação será centrada na produção do Portfólio, conforme distribuição apresentada a seguir.

 

            O Projeto Individual valerá 4,0 pontos.

O Memorial de Entrada valerá 1,5 ponto.

O Memorial de Saída valerá 1,5 ponto.

Cada Atividade indicada em tema valerá 1,0

 

Para aprovação, deverá ser alcançado o grau 5,0 na soma das atividades realizadas.

 

Na Segunda Parte, tratarei do nosso primeiro gênero textual, o Memorial de Entrada

 

Tema 1 – Segunda Parte: O Gênero Memorial de Entrada

Nos últimos trinta anos aproximadamente, os estudos e as ações voltadas para a formação de professores têm dedicado bastante atenção à escrita de caráter autobiográfico como uma prática produtiva para o desenvolvimento profissional de docentes. Ao narrar suas experiências, os professores se aproximam de uma tomada de consciência sobre suas trajetórias, o que favorece tanto o exercício de reflexões sobre escolhas feitas e quanto a busca de aperfeiçoamento de práticas.

                Como defende Cunha (1997, p.190),

A perspectiva de trabalhar com as narrativas tem o propósito de fazer a pessoa tornar-se visível para ela mesma. O sistema social conscientemente envolve as pessoas numa espiral de ação sem reflexão. Fazemos as coisas porque todos fazem, porque nos disseram que assim é que se age, porque a mídia estimula e os padrões sociais aplaudem. Acabamos agindo sobre o ponto de vista do outro, abrindo mão da nossa própria identidade, da nossa liberdade de ver e agir sobre o mundo, da nossa capacidade de entender e significar por nós mesmos. Para o educador esta perspectiva é fatal, porque não só ele se torna vítima destes tentáculos, como não consegue estimular seus discípulos a que se definam a si mesmos como indivíduos.

Com base em compreensões dessa ordem, passou-se a estimular os professores em formação, inicial ou continuada, a produzirem narrativas sobre suas vidas como um todo, com destaque para suas trajetórias profissionais. Um gênero textual ganhou destaque nessas produções: o Memorial.

Bastante presente no mundo acadêmico, o Memorial consiste em uma narrativa comentada de um dado percurso histórico. Em concursos para ingresso nas instituições de ensino superior, os professores produzem memoriais sobre suas carreiras, nos quais comentam uma trajetória que está contada apenas por meio de informações em seus currículos profissionais. É uma forma de relacionar feitos e fatos com motivos e consequências.

Para Severino (2007, p.241),

Um memorial constitui, pois, uma autobiografia, configurando-se como uma narrativa simultaneamente histórica e reflexiva. Deve então ser composto sob a forma de um relato histórico, analítico e crítico, que dê conta dos fatos e acontecimentos que constituíram a trajetória acadêmico-profissional do seu autor, de tal modo que o leitor possa ter uma informação completa e precisa do itinerário percorrido. Deve dar conta também de uma avaliação de cada etapa, expressando o que cada momento significou, as contribuições ou perdas que representou.

Para um trabalho de formação, o chamado Memorial de Entrada tem sido usado com sucesso no que se refere não só a produzir alguma espécie de avaliação diagnóstica dos sujeitos em formação, como também para estabelecer, desde o início, um protagonismo dos formandos em seus processos de aprendizagem. Ao narrarem suas histórias, por um lado, os formandos dizem como se apropriaram de suas experiências e, por outro, assumem um lugar de fala próprio para a atividade dialógica de formação. Como afirma Cavaco (2002, p.48): “O que as pessoas dizem na sua narrativa está também dependente dos contextos, expressam o que pensam, o que acham que os outros pensam de si, falam do que são e do que gostariam de ter sido e interligando todas estas vertentes constróem uma narrativa coerente, que diz respeito ao significado que atribuem à sua vida”.

 

Vamos, portanto, lançar mão das possibilidades que nos oferece a escrita do Memorial de Entrada. Para participar melhor da atividade, fiz o meu, que não está aí para servir de modelo. Como, todavia, uma marca identitária da escrita acadêmica consiste no monitoramento da sua forma, embora a escrita do Memorial envolva um grau de liberdade de escolha e de estilo, vamos tentar demarcar alguns limites para o produto final dessa elaboração.

Seus memoriais devem tratar das suas relações com a leitura e a escrita como um todo, com referência específica ao ambiente escolar. Além disso, peço que escrevam sobre as práticas de ler e de escrever na graduação. Em termos de forma, proponho que escrevam textos com até mil palavras, adotandos os seguintes parâmetros: letra Times New Roman 12; margens direita, inferior e superior = 2,5cm; margem esquerda = 3cm; parágrafo justificado, com afastamento de 1,25cm na primeira linha e espaço de 1,5 entre as linhas. Não se esqueçam de colocar o cabeçalho, que pode ser o mesmo que usei neste texto, acrescido do seu nome e da data da realização da tarefa.

 

Referências

CAVACO, Cármen. Aprender fora da escola: percursos de formação experiencial. Lisboa: Educa, 2002.

CUNHA, M. I. da. CONTA-M E AGORA! as narrativas como alternativas pedagógicas na pesquisa e no ensino Revista da Faculdade de Educação, São Paulo: USP, v.23, n.1/2, p.185-195, jan./dez. 1997. LINK para o texto de CUNHA:  https://doi.org/10.1590/S0102-25551997000100010

SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 23ª ed. São Paulo: Cortez, 2007.

 

 

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