terça-feira, 25 de agosto de 2020

PLE - Tema 1 - Segunda Parte: Memorial de Entrada

 

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Centro de Filosofia e Ciências Humanas

Faculdade de Educação

Curso de Pedagogia

Departamento de Didática

Disciplina: Leitura e Produção de Textos em Educação

Código: EDD 614

Professor Dr. Marcelo Macedo Corrêa e Castro

Período Letivo Excepcional – 24 de agosto a 16 de novembro de 2020

 

 


 

Tema 1 – Segunda Parte: O Gênero Memorial de Entrada

        Nos últimos trinta anos aproximadamente, os estudos e as ações voltadas para a formação de professores têm dedicado bastante atenção à escrita de caráter autobiográfico como uma prática produtiva para o desenvolvimento profissional de docentes. Ao narrar suas experiências, os professores se aproximam de uma tomada de consciência sobre suas trajetórias, o que favorece tanto o exercício de reflexões sobre escolhas feitas e quanto a busca de aperfeiçoamento de práticas.

                Como defende Cunha (1997, p.190),

A perspectiva de trabalhar com as narrativas tem o propósito de fazer a pessoa tornar-se visível para ela mesma. O sistema social conscientemente envolve as pessoas numa espiral de ação sem reflexão. Fazemos as coisas porque todos fazem, porque nos disseram que assim é que se age, porque a mídia estimula e os padrões sociais aplaudem. Acabamos agindo sobre o ponto de vista do outro, abrindo mão da nossa própria identidade, da nossa liberdade de ver e agir sobre o mundo, da nossa capacidade de entender e significar por nós mesmos. Para o educador esta perspectiva é fatal, porque não só ele se torna vítima destes tentáculos, como não consegue estimular seus discípulos a que se definam a si mesmos como indivíduos.

Com base em compreensões dessa ordem, passou-se a estimular os professores em formação, inicial ou continuada, a produzirem narrativas sobre suas vidas como um todo, com destaque para suas trajetórias profissionais. Um gênero textual ganhou destaque nessas produções: o Memorial.

Bastante presente no mundo acadêmico, o Memorial consiste em uma narrativa comentada de um dado percurso histórico. Em concursos para ingresso nas instituições de ensino superior, os professores produzem memoriais sobre suas carreiras, nos quais comentam uma trajetória que está contada apenas por meio de informações em seus currículos profissionais. É uma forma de relacionar feitos e fatos com motivos e consequências.

Para Severino (2007, p.241),

Um memorial constitui, pois, uma autobiografia, configurando-se como uma narrativa simultaneamente histórica e reflexiva. Deve então ser composto sob a forma de um relato histórico, analítico e crítico, que dê conta dos fatos e acontecimentos que constituíram a trajetória acadêmico-profissional do seu autor, de tal modo que o leitor possa ter uma informação completa e precisa do itinerário percorrido. Deve dar conta também de uma avaliação de cada etapa, expressando o que cada momento significou, as contribuições ou perdas que representou.

Para um trabalho de formação, o chamado Memorial de Entrada tem sido usado com sucesso no que se refere não só a produzir alguma espécie de avaliação diagnóstica dos sujeitos em formação, como também para estabelecer, desde o início, um protagonismo dos formandos em seus processos de aprendizagem. Ao narrarem suas histórias, por um lado, os formandos dizem como se apropriaram de suas experiências e, por outro, assumem um lugar de fala próprio para a atividade dialógica de formação. Como afirma Cavaco (2002, p.48): “O que as pessoas dizem na sua narrativa está também dependente dos contextos, expressam o que pensam, o que acham que os outros pensam de si, falam do que são e do que gostariam de ter sido e interligando todas estas vertentes constróem uma narrativa coerente, que diz respeito ao significado que atribuem à sua vida”.

 

Vamos, portanto, lançar mão das possibilidades que nos oferece a escrita do Memorial de Entrada. Para participar melhor da atividade, fiz o meu, que não está aí para servir de modelo. Como, todavia, uma marca identitária da escrita acadêmica consiste no monitoramento da sua forma, embora a escrita do Memorial envolva um grau de liberdade de escolha e de estilo, vamos tentar demarcar alguns limites para o produto final dessa elaboração.

Seus memoriais devem tratar das suas relações com a leitura e a escrita como um todo, com referência específica ao ambiente escolar. Além disso, peço que escrevam sobre as práticas de ler e de escrever na graduação. Em termos de forma, proponho que escrevam textos com até mil palavras, adotandos os seguintes parâmetros: letra Times New Roman 12; margens direita, inferior e superior = 2,5cm; margem esquerda = 3cm; parágrafo justificado, com afastamento de 1,25cm na primeira linha e espaço de 1,5 entre as linhas. Não se esqueçam de colocar o cabeçalho, que pode ser o mesmo que usei neste texto, acrescido do seu nome e da data da realização da tarefa.

 

Referências

CAVACO, Cármen. Aprender fora da escola: percursos de formação experiencial. Lisboa: Educa, 2002.

CUNHA, M. I. da. CONTA-M E AGORA! as narrativas como alternativas pedagógicas na pesquisa e no ensino Revista da Faculdade de Educação, São Paulo: USP, v.23, n.1/2, p.185-195, jan./dez. 1997. LINK para o texto de CUNHA:  https://doi.org/10.1590/S0102-25551997000100010

SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 23ª ed. São Paulo: Cortez, 2007.

 

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